Como tratar lesão do manguito rotador com fisioterapia?

Cada vez mais comum nas clínicas de fisioterapia, a lesão do manguito rotador necessita de atenção e de um protocolo diferenciado, dependendo do grau de acometimento do paciente.

Embora, em muitos casos, a cirurgia seja necessária, nos estágios iniciais, é possível reverter a dor e a limitação do movimento com um tratamento convencional, dando ao paciente mais qualidade de vida e até evitando a cirurgia.

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O que é a lesão do manguito rotador?

Recebe o nome de manguito rotador um conjunto composto por 4 tendões que revestem a cabeça do úmero, subescapular, supraespinhal, infraespinhal e redondo menor, e também as musculaturas dessa região. As principais lesões são:

  • articulares: acontecem na parte mais interna;
  • intersticiais: acontecem na parte de dentro do tendão;
  • bursais: acometem a parte mais externa do ombro.

Geralmente, o problema atinge as pessoas que fazem um uso maior dessas estruturas, como aquelas que realizam, frequentemente, movimentos de rotação ou elevação dos braços, tanto em atividades esportivas quanto em atividades profissionais — por exemplo, os jogadores de tênis, os carpinteiros ou os pintores.

As lesões podem ser mais simples, como um processo inflamatório, ou algo mais complexo, como quando envolvem a ruptura completa ou parcial de um dos tendões ou músculos da região. Nesses casos mais complexos, a cirurgia é mais recomendada, enquanto nos outros, os protocolos fisioterapêuticos podem ajudar na recuperação.

Quais são as causas e os sintomas da lesão do manguito rotador?

O manguito rotador pode sofrer lesão devido a grandes traumas, contudo, o mais usual é a lesão crônica, principalmente pelo uso excessivo e constante da musculatura e dos tendões da região.

As lesões crônicas podem ser classificadas em vários graus, que vão desde um edema pequeno até a ruptura total de um ou vários músculos do manguito.

Outro ponto que merece destaque é a síndrome do impacto, que tem uma relação íntima com a degeneração do manguito, normalmente, seguindo as fases evolutivas:

  • fase 1: edema e hemorragia;
  • fase 2: fibrose e tendinite;
  • fase 3: ruptura do tendão.

Nas primeiras fases, o tratamento é apenas clínico, com o uso de anti-inflamatórios e analgésicos, além do acompanhamento fisioterápico, buscando um maior reforço muscular. Porém, conforme a lesão avança, a cirurgia é a melhor alternativa.

As causas mais comuns da lesão do manguito rotador são:

  • degeneração ligada à idade;
  • traumas;
  • hábito de levantar objetos pesados;
  • trabalhos manuais;
  • falta de irrigação nos músculos.

Sintomas

A grande parte das lesões do manguito rotador causa dor na região do ombro, que se irradia para o braço, podendo ser mais intensa nesse membro do que no próprio ombro. Além disso, é comum os pacientes relatarem desconforto durante a noite, irradiação para a parte posterior do ombro ou para a região cervical.

Outro sintoma usual é a perda de movimento. Nas lesões agudas, é comum que o paciente se queixe de perda de força para levantar o braço ou para mantê-lo afastado do corpo. Já nas lesões crônicas, os demais músculos se adaptam, compensando a rotura e fazendo com que os movimentos pareçam normais.

Quais são os tratamentos e os protocolos fisioterapêuticos para essa lesão?

Os tratamentos vão depender muito do estágio da lesão. Veja algumas indicações.

Lesões iniciais

Nesses casos, o objetivo do tratamento é proporcionar um maior controle da dor. Para isso, é recomendado repouso, uso de anti-inflamatórios, crioterapia, eletroterapia e manutenção dos movimentos com cinesioterapia e alongamentos.

Quando a dor estiver menor, é possível começar a trabalhar com exercícios de fortalecimento muscular do grupo do manguito rotador e também da musculatura abdutora dos ombros, o músculo deltoide.

Lesões completas

Para essas situações, o tratamento mais indicado é a cirurgia, já que, se a lesão progredir, ela pode se tornar irreparável e, assim, nem a cirurgia conseguirá reverter o quadro ou evitar uma nova rotura.

Após o procedimento cirúrgico, a fisioterapia é indispensável na reabilitação do paciente, buscando aumentar gradativamente a amplitude do movimento e a força do ombro, bem como combater a dor e a inflamação.

Para isso, o protocolo deverá seguir as fases de recuperação da cirurgia. Por exemplo:

  • nas primeiras três semanas: exercícios de pêndulo, de amplitude de movimento ativo, amplitude de movimento passivo até o limite de tolerância do paciente, corda e polia-flexão, exercícios isométricos, uso de gelo e manutenção da tipoia;
  • da 3ª semana até a 6ª: suspensão do uso da tipoia e continuação dos exercícios da primeira semana;
  • da 7ª semana até a 14ª: exercícios de fortalecimento da musculatura com elástico, exercícios de estabilização da cabeça do úmero, exercícios de fortalecimento do deltoide com uso de halteres e exercícios de flexão e extensão para a escápula. Já será possível notar melhora na mobilidade a partir da 10ª ou 12ª semana;
  • da 15ª semana até a 26ª: manutenção dos exercícios de amplitude, autoalongamento da escápula, programa mais intenso de fortalecimento muscular, flexão do ombro, abdução do ombro e programa de condicionamento para o músculo supraespinhal e da região da escápula.

A partir da 24ª semana, o paciente já poderá retornar às atividades normais, mas deverá manter um programa de fortalecimento muscular e com exercícios de flexibilidade.

Recomendações gerais

Além dos exercícios, também é possível o uso de equipamentos, principalmente na fase de redução da dor e da inflamação, tanto nas lesões iniciais quanto nas roturas totais ou parciais, como ultrassom, laser e massagem miofascial.

De qualquer forma, independentemente do grau da lesão, os exercícios são muito recomendados porque buscam fortalecer as musculaturas envolvidas na região do manguito rotador, evitando que o problema reapareça.

Alguns músculos que são alvos desses exercícios são:

  • trapézio (parte superior das costas);
  • deltoide (tanto na parte frontal quanto na posterior e superior do ombro);
  • romboide (parte superior das costas);
  • infraespinhal (atua apoiando a articulação do ombro na rotação externa);
  • supraespinhal (atua apoiando a articulação do ombro no movimento de elevação);
  • redondo menor (apoia a articulação do ombro);
  • bíceps (frente do braço);
  • tríceps (parte posterior do braço);
  • subescapular (na parte frontal do ombro, nos movimentos de rotação interna).

Para os exercícios de alongamento, o bastão é um ótimo aliado. O fisioterapeuta também poderá fazer uso da theraband e de halteres, dependendo dos exercícios programados, sempre, claro, respeitando a dor e as limitações do paciente.

Alguns dos exercícios de fortalecimento mais usados são:

  • rotação interna e externa;
  • abdução;
  • extensão;
  • flexão.

Os alongamentos também são muito importantes e podem ser tanto ativos quanto passivos, sendo que esse último é mais usado nas fases iniciais da reabilitação. Conforme o paciente vai sentindo menos dor, os movimentos ativos começam a ser inseridos.

As metas dessas atividades são a prevenção de uma nova lesão e a restauração e manutenção de força, resistência, flexibilidade, mobilidade, estabilidade, relaxamento, coordenação, equilíbrio e habilidades funcionais.

Como você viu, a fisioterapia é indispensável no tratamento da lesão do manguito rotador, auxiliando o paciente a se recuperar do trauma e a evitar que o problema progrida ou volte a ocorrer.

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