As diferenças entre os tipos de ultrassom na fisioterapia

O atendimento fisioterapêutico é baseado na realização de exercícios e na utilização de equipamentos específicos, para a promoção, prevenção e reabilitação de doenças e condições de saúde para pessoas de todas as idades. Os equipamentos de fisioterapia são divididos de acordo com o tipo de terapia empregada: termoterapia, hidroterapia, mecanoterapia e eletroterapia.

Entre os equipamentos mais utilizados, podemos destacar o ultrassom como uma das principais ferramentas no tratamento da dor e de outras condições que são acompanhadas pelo fisioterapeuta.

Mas você sabia que existem diferenças entre os tipos de ultrassom na fisioterapia? Confira o texto para entender melhor!

Como é o uso de ultrassom na fisioterapia?

O ultrassom na fisioterapia tem uso amplo e conhecido há algum tempo, sendo utilizado desde a década de 50. O funcionamento do aparelho é baseado na transformação de ondas elétricas em ondas sonoras de alta frequência, não audíveis.

A energia gerada ultrapassa a pele e é transmitida aos tecidos por meio das vibrações das moléculas do meio, gerando efeitos fisiológicos térmicos ou atérmicos locais. Em tecidos moles, a onda se propaga de forma longitudinal. Nos ossos, isso acontece de maneira transversal.

As ondas do ultrassom podem ser aplicadas na fisioterapia de forma pulsada ou contínua. O ultrassom contínuo tem efeito térmico dominante, enquanto o efeito mecânico predomina no pulsado.

O outro tipo de classificação do ultrassom diz respeito à frequência, o que será melhor especificado adiante no texto. Além disso, é possível selecionar no aparelho a intensidade desejada, que muda de acordo com a natureza da lesão que está sendo tratada (aguda, pós-traumática ou crônica).

Existem diversas indicações para o uso do ultrassom na fisioterapia. As principais incluem:

  • processos inflamatórios agudos e crônicos;
  • distensões e luxações;
  • fraturas e contraturas;
  • espasmos musculares;
  • traumatismos de articulações e músculos;
  • reparo de lesões;
  • cicatrização de feridas.

Os efeitos térmicos do ultrassom surgem devido à fricção criada pelas ondas que passam pelos tecidos. O aumento da temperatura local depende da frequência, duração do pulso, intensidade e tempo de exposição. Os efeitos térmicos acontecem em temperaturas entre 40 ºC e 45 ºC por, no mínimo, 5 minutos, e incluem:

  • aumento da circulação sanguínea local;
  • despolarização das fibras nervosas ascendentes;
  • aumento da extensibilidade em tecidos ricos em colágeno;
  • redução de espasmos musculares;
  • alívio da dor;
  • redução de processos inflamatórios.

Os efeitos mecânicos surgem a partir da aplicação de baixos níveis de calor, que levam a alterações químicas no interior das células. Eles incluem:

  • massagem;
  • estimulação da regeneração dos tecidos;
  • reparo de tecido ósseo, tecido mole, fluxo sanguíneo;
  • síntese de proteína;
  • redução de espasmos;
  • normalização do tônus.

As contraindicações gerais para o uso de ultrassom terapêutico são:

  • útero, durante a gravidez;
  • áreas de tromboflebite;
  • sistema nervoso central;
  • globo ocular;
  • gônadas;
  • áreas de infecções agudas;
  • áreas tratadas por radioterapia;
  • áreas pré-operatórias;
  • presença de tumores malignos;
  • durante estados febris;
  • áreas com perda de sensibilidade;
  • coração e portadores de marcapasso;
  • epífises de crescimento.

Quais são os tipos de ultrassom utilizados?

Os valores de frequência utilizados no ultrassom terapêutico variam de 0,5 a 5 MHz. Porém, os valores mais utilizados são de 1 MHz e 3 MHz. O controle da frequência emitida pelo aparelho de ultrassom permite manejar a profundidade a ser atingida pela energia do ultrassom.

Ultrassom de 3 MHz

Quanto maior for a frequência utilizada, maior é a absorção e o poder de penetração diminui. Portanto, é mais efetivo para o tratamento de tecidos superficiais e tecido adiposo. O ultrassom de 3 MHz tem frequências mais altas, que são absorvidas mais intensamente, e deve ser utilizado para tecidos mais superficiais (entre 1 a 2 cm abaixo da pele).

Além disso, essa frequência também é absorvida mais rapidamente do que o ultrassom de 1 MHz, o que faz com que o pico de aquecimento seja alcançado de forma mais rápida. Estima-se que o ultrassom de 3 MHz aqueça o músculo da pessoa até 3 vezes mais rápido que o de 1 MHz.

Utilizando a mesma intensidade no aparelho de ultrassom, são necessários 3 a 4 minutos para atingir o nível terapêutico de aquecimento com ultrassom de 3 MHz e 10 minutos para atingir o mesmo nível com o ultrassom de 1 MHz.

O uso do ultrassom de 3 MHz é indicado principalmente para a fisioterapia dermatofuncional e procedimentos de estética:

  • gordura localizada e celulite;
  • pós-lipoaspiração e abdominoplastia;
  • tratamento de fibroses.

Ultrassom de 1 MHz

A perda de energia das ondas do ultrassom aumenta com a elevação da frequência das ondas, de forma que as mais baixas, como as de 1 MHz, penetram mais profundamente nos tecidos. De modo geral, utiliza-se o ultrassom de 1 MHz para aquecer tecidos e estruturas que se localizam a uma profundidade igual ou maior a 2,5 cm.

Estima-se que as ondas sonoras a 1 MHz se propagam a uma velocidade de 1540 m/s em tecidos moles e 400 m/s em osso compacto. A energia é transmitida pelos tecidos superficiais e absorvida, principalmente, nos tecidos profundos.

Dessa forma, seu uso é indicado para tratamentos fisioterapêuticos que desejam atingir estruturas mais profundas:

  • tendinite;
  • miosite;
  • bursite;
  • lesão muscular;
  • capsulite;
  • fraturas;
  • cirurgias ortopédicas.

O ultrassom também é útil em pacientes que apresentam alta porcentagem de gordura cutânea no corpo.

Após a escolha da frequência que será utilizada (de acordo com o tecido a ser tratado), é definida a intensidade, que é a energia presente na onda e é medida por watts/cm². São utilizadas intensidades baixas ou altas, conforme o objetivo a ser atingido pelo uso do ultrassom.

A intensidade mais baixa é usada para estimular respostas fisiológicas normais após injúrias teciduais. Já a mais alta é utilizada na destruição de tecido de forma controlada, em procedimentos cirúrgicos.

Entender o uso e os tipos de ultrassom na fisioterapia é de extrema importância para que o fisioterapeuta ofereça um serviço de qualidade. Esse conhecimento garante que a escolha do método de tratamento seja feita de forma direcionada e adequada para as condições específicas do paciente.

E aí, gostou do conteúdo e quer saber mais sobre o assunto? Então, continue sua visita ao nosso blog e leia este texto sobre as indicações do ultrassom!