A fisioterapia combina o uso de exercícios, técnicas e equipamentos na promoção, prevenção e reabilitação da saúde em relação a diversos sistemas do corpo. Os problemas osteomusculares são os que mais comumente são tratados pelo fisioterapeuta, tanto no tratamento conservador quanto na fase pós-cirúrgica, quando necessário. E um equipamento que tem auxiliado muito o trabalho na área é o CPM.
Esse equipamento é utilizado principalmente no pós-operatório de cirurgias ortopédicas e é um importante instrumento para a atuação do fisioterapeuta. Confira, neste texto, o que é e como aplicar o CPM na fisioterapia!
O que é o CPM?
O CPM é um equipamento que permite a movimentação passiva contínua, uma das técnicas utilizadas na cinesioterapia — tipo de terapia que consiste na realização de movimentos articulares de forma passiva, sem a participação do paciente. Nesse tipo de tratamento, o fisioterapeuta pode realizar os movimentos manualmente ou por meio do uso do CPM.
O conceito de movimentação passiva contínua surge em contraponto ao de imobilização nos problemas ortopédicos, principalmente após a realização de cirurgias. A cinesioterapia tem o objetivo de reabilitar as articulações e os tecidos periarticulares por meio do movimento, que estimula o metabolismo dos condrócitos (células do tecido cartilaginoso).
Com o uso do CPM, o movimento da articulação é realizado pela força externa do aparelho, com o membro a ser tratado posicionado de acordo com a atividade que será realizada. Assim, não há fadiga muscular do paciente, já que ele não impõe ação no exercício.
O aparelho permite que a velocidade e o grau de flexão e extensão seja regulado, de acordo com a área trabalha e a lesão que está sendo tratada. Cada equipamento de CPM é específico para uma articulação.
O CPM é mais utilizado durante a primeira fase de recuperação pós-cirúrgica, enquanto o paciente ainda não pode e/ou não consegue realizar a movimentação ativa na sua reabilitação.
O equipamento permite amplitude de movimento que varia entre 30 º e 90 º, sendo comumente aumentado 10 º a cada dia de realização dos exercícios.
Quais são os benefícios do seu uso?
O CPM começou a ser utilizado após a concepção de que a imobilização prolongada pode trazer prejuízos à articulação, como rigidez articular persistente, edema, dor, osteoporose desencadeada por desuso, artrite, hipotrofia muscular e outras alterações musculares. Constatou-se que o movimento intermitente das articulações é melhor do que a imobilização.
Dessa forma, o uso do equipamento de CPM traz benefícios como:
- maior nutrição das articulações acometidas pelo estímulo à produção de líquido sinovial (induzido pelo movimento);
- prevenção da rigidez articular e muscular;
- maior rapidez na recuperação do movimento no pós-operatório;
- maior rapidez de cura, tanto na cartilagem articular quanto nos tecidos periarticulares (tendões e ligamentos);
- manutenção de maior amplitude dos movimentos articulares;
- redução do tempo de hospitalização, da dor e do edema local;
- diminuição do ciclo de inflamação, do trauma e da perda de movimento;
- redução do risco de trombose venosa profunda após a cirurgia;
- redução do risco de osteopenia pós-traumática.
Quais são as indicações de uso do CPM?
O CPM pode ser utilizado tanto para os membros inferiores quanto para os membros superiores. Seu uso é indicado para a reabilitação na fisioterapia funcional e para o pós-cirúrgico imediato e mediato de diversas cirurgias ortopédicas. Normalmente, sua aplicação é combinada com outras técnicas fisioterapêuticas a fim de garantir resultados melhores e em menos tempo.
Em todos os casos, o uso do CPM tem o objetivo de permitir que o paciente retome mais rapidamente a função normal do membro. O tipo de técnica e o tempo de aplicação são decididos pelo fisioterapeuta em conjunto com o médico cirurgião, de acordo com as especificidades do caso.
O tratamento com CPM pode ser iniciado no dia seguinte à cirurgia, com o paciente ainda internado, e se estende por algumas semanas, com progressão para exercícios de fortalecimento e amplitude de movimento. No início, apenas o movimento passivo é utilizado e, posteriormente, ele é combinado com movimentos ativos e outras atividades.
Nos membros inferiores, o equipamento é utilizado no tratamento das articulações do joelho, tornozelo, quadril e dedos dos pés. Nos membros superiores, é mais usado nas articulações do ombro, cotovelo e punho. Algumas das principais indicações do uso do CPM na fisioterapia são:
- pós-operatório de cirurgia no joelho: a perna do paciente é encaixada no aparelho, com acomodação do pé e do quadril, de forma que apenas a articulação do joelho é movimentada passivamente. O tratamento é utilizado após a cirurgia de artroplastia, prótese total e reconstrução dos ligamentos;
- pós-operatório de cirurgia no quadril: o mesmo aparelho que é utilizado no tratamento do joelho pode ser usado no pós-operatório do quadril. O uso é indicado após cirurgias de reconstrução, fixação e reparação ligamentar;
- pós-operatório de cirurgia no cotovelo: o equipamento de CPM para o cotovelo tem o desenho que permite a acomodação de toda a extensão do braço do paciente. Ele é utilizado nos casos de contratura, rigidez articular, fratura distal do úmero, ossificação periarticular, traumas e lesão do ligamento colateral ulnar;
- pós-operatório de punho e dedos da mão: existe também o equipamento de CPM específico para o punho e os dedos da mão, que tem encaixe para mãos e todos os dedos. É utilizado no pós-operatório de cirurgia de fratura do rádio distal;
- após fraturas: o CPM é utilizado também na recuperação de fraturas, seja após imobilização ou cirurgia para reparo. É usado principalmente em casos de fratura patelar, de platô tibial e femural.
Reforçamos a importância de recordar que a forma de aplicação, técnica e duração do uso do CPM na fisioterapia é determinada de acordo com o tipo de cirurgia que foi realizada, a condição do músculo relacionado à articulação em tratamento e o membro do paciente.
O uso do equipamento no Brasil vem crescendo, principalmente devido ao aumento do número de estudos que comprovam os benefícios do movimento passivo na recuperação, no lugar da imobilização prolongada. Cabe ao fisioterapeuta buscar se atualizar sobre o tema, visto que ele traz o que é de mais moderno, benéfico e seguro na recuperação pós-cirúrgica dos pacientes com problemas ortopédicos.
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