Entenda o tratamento fisioterapêutico para a condropatia patelar

Os joelhos são responsáveis por suportar boa parte do nosso peso, além de realizarem movimentos complexos e fundamentais para as atividades diárias. Não raro, vemos nos consultórios de fisioterapia pacientes com diversos tipos de problemas nos joelhos, e entre eles está a condropatia patelar.

Esse é um quadro clínico que pode causar dor e dificuldades para realizar movimentos usuais, como subir e descer escadas e agachar. Por isso, a reabilitação fisioterápica é tão importante. Quer saber mais? Continue a leitura!

O que é a condropatia patelar e quais são os sintomas?

A condropatia ou condromalácia patelar é uma síndrome degenerativa, ou seja, os pacientes sofrem com uma espécie de “amolecimento” da cartilagem patelar e dos côndilos.

Essa situação pode ser causada pela idade ou ser desenvolvida por pessoas com mau posicionamento patelar. Isso significa ter a patela mais alta que o normal ou desalinhada — quando, em vez de percorrer o trilho formado pelos côndilos do fêmur, ela se desloca para as laterais, levando a um atrito ainda maior.

A flexibilidade na musculatura isquiotibial também causa dor femoropatelar, porque exige uma força maior do quadríceps na extensão do joelho. Já se a falta de flexibilidade acomete o reto femoral, o paciente pode ter problemas na marcha.

Outras causas para esse tipo de dor são: pé pronado (que favorece uma semiflexão do joelho), retração do gastrocnêmio e retração do retináculo lateral, alterações morfológicas no fêmur, patela e tíbia e tendões de Aquiles tensionados.

Sintomas

Os sintomas mais comuns são:

  • dor ao realizar determinados tipos de movimentos, como subir e descer escadas ou após ficar muito tempo sentado;
  • inchaço na parte de baixo da patela;
  • dor no meio do joelho;
  • dor após ou durante a corrida;
  • sensação de “travamento” do joelho;
  • inchaço do joelho devido ao excesso de líquido sinovial — quando o problema leva a uma inflamação;
  • estalos e crepitações.

Geralmente, as mulheres estão mais propensas a desenvolver condropatia patelar, por terem o quadril mais alargado. Porém, a síndrome também pode aparecer em pessoas que usam muito essa articulação, como corredores, dançarinos, ciclistas etc.

Quais são os tratamentos para a condropatia patelar?

Como você viu, a condropatia patelar e a dor patelofemoral podem ter inúmeras causas. Por isso, é imprescindível uma análise minuciosa do paciente, avaliando as possíveis fraquezas musculares, as alterações anatômicas e morfológicas, entre outras questões.

Os graus da condropatia patelar

Outra informação importante que deve ser analisada é em relação ao grau da condropatia patelar. Ele pode variar em:

  • grau 1: existe apenas um “amolecimento” da cartilagem e presença de edemas;
  • grau 2: a cartilagem apresenta pequenas fissuras e fragmentações;
  • grau 3: essas fissuras e fragmentações já são maiores;
  • grau 4: o osso abaixo da cartilagem está exposto.

Os tratamentos mais comuns

O tratamento visa promover ganho de força e flexibilidade muscular, oferecer maior estabilidade articular, melhorar a consciência corporal do paciente, reduzir a dor e a inflamação e garantir um retorno às atividades de forma adequada, com uma total reabilitação. Alguns dos tratamentos mais usados estão listados abaixo. Acompanhe!

Analgesia

Pacientes em uma fase aguda podem não conseguir realizar os exercícios propostos. Por isso, nesse momento é importante reduzir a dor e o edema no joelho afetado.

Algumas opções de analgesia são: o TENS, o ultrassom (em uma fase subaguda ou crônica), a crioterapia e a terapia manual.

Bandagens ou Kinesiotaping

Podem auxiliar no tratamento, já que a fita em contato com a pele oferece estímulos sensoriais importantes, capazes de melhorar a comunicação com os tecidos profundos, além de ativar os mecanorreceptores que ficam na derme e na epiderme.

Esses receptores são os responsáveis por informar sobre eventos capazes de afetar a biomecânica do movimento, corrigindo as questões.

Com esse método, pode-se conseguir: redução da sensação de desconforto e da dor, correção de desvios articulares, aumento da propriocepção e auxílio na contração muscular.

Liberação miofascial

A liberação miofascial busca promover o relaxamento dos pontos de tensão da musculatura causados por alterações na fáscia. Quando o fisioterapeuta realiza a pressão, ocorre uma isquemia; ao retirar a pressão, o fluxo de sangue no local aumenta, melhorando a oxigenação e promovendo o relaxamento muscular e o alívio da dor.

Essa técnica pode ser usada para melhorar a flexibilidade e a mobilidade articular, garantindo uma execução mais adequada dos movimentos, além de reduzir a sobrecarga e a tensão da musculatura na articulação.

Alongamento

É fundamental para oferecer maior ganho de flexibilidade às fibras musculares, além de amplitude de movimento. É possível realizá-lo de forma passiva ou ativa, porém sempre deverá ser feito um alongamento global da musculatura.

Nos casos de condropatia patelar com ângulo Q aumentado (joelho valgo) é preciso uma atenção maior aos músculos:

  • quadríceps;
  • adutores e abdutores;
  • ísquios tibiais;
  • trato iliotibial;
  • glúteos médio e máximo.

Fortalecimento muscular

O fortalecimento de toda a musculatura envolvida é um dos pontos fundamentais de qualquer tratamento para a condropatia patelar. Mas é importante que o fisioterapeuta faça uma análise global do paciente e não apenas do seu joelho.

Os músculos que devem ter maior atenção no tratamento são:

  • glúteo médio e máximo: ajudam a oferecer uma maior estabilidade ao quadril e à articulação do joelho, evitando o valgo dinâmico em atividades que exigem o apoio em um pé só;
  • quadríceps: com atenção especial ao vasto medial, responsável por equilibrar as forças que agem na patela, reduzindo a lateralização, além de recuperar a potência do membro inferior.

Alguns exercícios que podem ser realizados para esses objetivos são:

  • ativos livres sem ou com carga, com o paciente em pé, sentado ou deitado;
  • ativos resistidos, com resistência causada por aparelhos, elásticos ou força manual;
  • isométricos com carga ou sem, com o paciente sentado ou deitado;
  • exercícios combinados de propriocepção e de força;
  • mecanoterapia, tendo atenção à angulação.

Sempre iniciar os exercícios com opções de baixo impacto e em um ritmo leve. O nível de dificuldade deverá ser aumentado aos poucos, de acordo com o grau da lesão e a evolução demonstrada pelo paciente. Em casos sem resposta aos tratamentos convencionais, pode ser necessária a intervenção cirúrgica.

Pilates

O Pilates age promovendo o alinhamento da patela e melhorando o equilíbrio muscular de todo o corpo do aluno. Nos casos específicos de condropatia patelar é possível pensar em treinos com exercícios de alongamento e mobilização, potência e força do membro inferior.

De forma geral, é essencial promover o alongamento dos ísquios tibiais, além de dar uma atenção especial aos quadríceps e às panturrilhas.

Hidroterapia

Os exercícios na água ajudam no fortalecimento muscular e no ganho de amplitude. Além disso, o calor da água melhora o relaxamento muscular e reduz a tensão exercida na articulação, promovendo a redução da dor.

A hidroterapia é uma ótima opção para pacientes com muita dor e fraqueza muscular, já que é um exercício de baixo impacto e com ganhos consideráveis no fortalecimento muscular, melhorando a confiança da pessoa para realizar outras atividades fora da água.

Como você viu, a condropatia patelar pode ter muitos tratamentos e exige uma avaliação minuciosa do paciente. Gostou deste artigo? Então compartilhe para que nenhum colega fique por fora!