Síndrome da cauda equina: o que é e como tratar com fisioterapia?

A lombalgia, dor na região lombar, é uma das condições de saúde que mais leva as pessoas a procurarem o profissional de fisioterapia e pode estar relacionada a diferentes causas. A dor está relacionada com uma lesão muscular ou de ligamento e, normalmente, é benigna, isto é, é autolimitada e tem resolução simples.

Porém, em alguns casos, a lombalgia pode ser um sinal de uma doença mais séria, como no caso da síndrome da cauda equina, uma condição muito rara, mas que pode acontecer. Por isso, o profissional precisa estar preparado para atender as demandas do paciente acometido por esse transtorno.

Acompanhe este texto para saber mais sobre a síndrome da cauda equina e como tratar essa condição com fisioterapia!

O que é a síndrome da cauda equina?

Para entender a síndrome da cauda equina, é necessário primeiro compreender o que é a cauda equina.

A medula espinhal passa pelo interior das vértebras e se estende até o nível da primeira vértebra lombar (L1). Nesse ponto, a medula se prolonga em raízes nervosas finas, que correspondem aos axônios que saem da medula e coluna vertebral. A cauda equina corresponde a esse conjunto de raízes nervosas da região lombar e sacral, que está imerso em líquido cefalorraquidiano, assim como o restante da medula. Ela tem esse nome pois se assemelha à cauda de um de cavalo.

A cauda equina representa a ligação entre o sistema nervoso central e periférico, sendo responsável pela inervação, envio e recebimento de mensagens nervosas dos membros inferiores e órgãos pélvicos.

A síndrome da cauda equina corresponde à compressão dessas raízes nervosas lombares, sacrais e coccígeas, e é caracterizada pelo conjunto de sintomas decorrentes disso. Os principais indícios são:

  • lombalgia intensa, geralmente acompanhada de dor ciática;
  • disfunção de esfíncteres — incontinência ou retenção urinária, incontinência fecal;
  • anestesia em sela — disfunção da sensibilidade na região superior das coxas, do períneo, do ânus e da região genital;
  • fraqueza nos membros inferiores;
  • disfunção sexual em homens;
  • perda do reflexo do tendão de aquiles.

Esses sintomas acontecem porque a condução dos estímulos nervosos periféricos para a medula espinhal, e vice-versa, deixa de existir, além de os reflexos e do tônus muscular ficarem diminuídos. Normalmente, a lesão é parcial, isto é, há alguma preservação da sensibilidade e da função motora dos membros inferiores.

Quais são as causas?

A síndrome da cauda equina é mais comum em adultos, mas pode ocorrer também em crianças, e está relacionada a alterações anatômicas locais que causam a compressão das raízes nervosas. As principais causas associadas incluem:

  • crianças com alterações ou defeitos espinhais congênitos;
  • hérnia de disco na região lombar com expensão do disco;
  • estreitamento do canal espinhal;
  • traumas — acidentes de carro, fratura, queda, tiro;
  • tumor, infecção ou hemorragia na região lombar;
  • após manipulação cirúrgica do local;
  • após anestesia espinhal.

Como é o diagnóstico e o tratamento?

O diagnóstico da cauda equina é feito pelo médico a partir da análise do histórico clínico e dos sintomas, do exame físico e dos resultados de exames de sangue, ressonância magnética, tomografia computadorizada e mielograma. Outros exames complementares para a investigação de causa infecciosa da síndrome são o exame do líquido cefalorraquidiano e a eletroneuromiografia.

A síndrome da cauda equina é considerada uma emergência ortopédica, e a forma prioritária de tratamento é a cirurgia para descompressão da área. O ideal é que a intervenção seja realizada no intervalo de 48 horas após o início dos sintomas. A demora para a realização do procedimento está relacionada à diminuição da função neurológica total.

Assim, a cirurgia precoce evita a ocorrência de danos permanentes, e o objetivo dela é remover elementos que podem estar causando ou contribuindo para a compressão local, como fragmentos de ossos, sangue, tumor, disco herniado e crescimento anormal de ossos.

As terapias complementares são definidas de acordo com a causa da síndrome. Pode ser necessário o uso de medicamentos corticoides para reduzir o edema e a dor local e antibióticos nos casos de causas infecciosas.

É preciso considerar também os casos de síndrome da cauda equina crônica, nos quais a condição evolui lentamente e os sintomas não são evidentes no início. Mesmo nesses casos a cirurgia é recomendada.

A recuperação do paciente está relacionada com a extensão dos danos causados pela compressão das raízes nervosas. No entanto, em todos os casos a fisioterapia é indicada como tratamento complementar.

Como a fisioterapia ajuda?

O tratamento fisioterapêutico da síndrome da cauda equina é importante para:

  • fase aguda de reabilitação após a cirurgia;
  • diminuição dos efeitos do neurotrauma e da imobilização;
  • prevenção de complicações secundárias;
  • manutenção da amplitude de movimento e da força muscular;
  • analgesia;
  • cuidados com o assoalho pélvico;
  • melhora da sensibilidade;
  • facilitação dos movimentos ativos.

As principais atividades realizadas pelo fisioterapeuta no tratamento incluem:

  • realização de fisioterapia respiratória para prevenção de pneumonia e atelectasias relacionadas à imobilidade pós-cirúrgica. São utilizadas as técnicas de percussão, vibração, drenagem postural, exercícios inspiratórios e mobilização do paciente;
  • exercícios de fortalecimento do períneo para reeducação intestinal e da bexiga, visando o controle da umidade local e o restabelecimento da autonomia do paciente;
  • prevenção de úlceras de pressão por meio de mudança de decúbito, irrigação, hidroterapia, curativos e eletroterapia;
  • prevenção de trombose venosa profunda associada à imobilização por meio de mobilização precoce do paciente e indicação para uso de meias de compressão;
  • exercícios de alongamento, posicionamento, crioterapia, terapia aquática e suspensão de pesos para reduzir a espasticidade;
  • redução de contraturas por meio do uso funcional da amplitude de movimento e alongamentos para fornecer estabilidade e equilíbrio na posição sentada, além de eficiência das transferências;
  • redução da dor por meio de restauração da postura e do alinhamento adequados e de terapia elétrica e térmica;
  • controle e redução da flacidez por meio de educação para proteção da pele e posicionamento para melhorar o suporte postural;
  • em caso de deformidades vertebrais, são realizados exercícios para restauração de alinhamento postural e controle da espasticidade.

Como visto, a fisioterapia é um elemento muito importante no tratamento da síndrome da cauda equina. Ela tem o potencial de melhorar a resistência, a mobilidade articular, a recarga de peso e a propriocepção do paciente, com melhoria global da sua qualidade de vida. Além disso, contribui para a diminuição do uso de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos após a cirurgia.

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