O estesiômetro é um importante instrumento para diversos profissionais da saúde, como ortopedistas, neurologistas, terapeutas e outros. Na fisioterapia, ele também tem um papel fundamental — afinal, o aparelho determina o grau de sensibilidade que o paciente apresenta. Mas, então, quais são os usos do estesiômetro? E por que ele é tão eficaz?
Com o objetivo de responder essas e outras perguntas, preparamos este post com tudo o que um fisioterapeuta precisa saber sobre o instrumento. Acompanhe conosco!
O que é o estesiômetro e para que ele serve?
O estesiômetro é um instrumento composto por sete monofilamentos (espécie de linha de polietileno e nylon) de cores e espessuras diferentes. De forma simplificada, podemos dizer que a função do aparelho é medir o grau de sensibilidade de uma região da pele.
Para isso, o fisioterapeuta deve começar aplicando os monofilamentos mais finos (verdes). Se o paciente não sentir nada, deve-se aumentar a espessura aos poucos.
Versátil, o instrumento pode ser aplicado em todos os pontos dos dermátomos do corpo — ou seja, os testes são feitos nas áreas com nervos que saem da coluna vertebral.
Por ser bastante eficaz, o estesiômetro é utilizado por profissionais da saúde de diversas especialidades, como oncologistas, neurologistas, odontologistas, endocrinologistas e, claro, fisioterapeutas. A avaliação da sensibilidade da pele feita pelos especialistas é capaz de prevenir deformidades e até amputações, tornando o seu uso indispensável.
Isso ocorre porque o aparelho consegue diagnosticar precocemente prováveis lesões nos nervos, causadas por neuropatias diabéticas e alcoólicas e pela hanseníase. Dessa forma, é possível acompanhar a evolução do paciente, identificando a melhora (e, assim, adequando o tratamento de acordo com os resultados) ou a estabilidade do quadro.
Nesse sentido, o instrumento não apenas auxilia no tratamento. Ele se antecipa às lesões, evitando deformidades e outros problemas que poderiam acometer o paciente.
Quais são os principais usos do estesiômetro na fisioterapia?
Até agora você entendeu que as lesões nos nervos são as causas das deformidades que ocorrem em algumas doenças, como diabetes, hepatite alcoólica e hanseníase. Nesse sentido, os membros inferiores e superiores (ou seja, mãos e pés) são os mais afetados.
Por isso, o fisioterapeuta deve avaliar a sensibilidade dos pacientes a fim de ajudar no diagnóstico médico e no tratamento da patologia. Além disso, a avaliação é importante para auxiliar os familiares do paciente a lidarem com o problema.
Uma pessoa que tem diabetes, por exemplo, pode desenvolver problemas nos pés devido à neuropatia ou arteriopatia. No primeiro caso, acontece uma degeneração dos nervos periféricos, que pode ocasionar insensibilidade no membro e alterações motoras.
Essa perda de sensibilidade provoca ferimentos que não são percebidos pelo paciente (nesse grau, ele não costuma sentir dez gramas do monofilamento). O grande problema é que essa lesão é uma porta de entrada para bactérias que podem causar infecções.
Devido à insensibilidade do pé, essa infecção pode passar despercebida por um longo tempo, aumentando a sua gravidade. A longo prazo, a ulceração pode levar à amputação do membro — 85% das amputações diabéticas ocorrem por esse motivo.
Estima-se, ainda, que 75% dessas amputações poderiam ser evitadas caso o paciente soubesse lidar com a doença. E é exatamente aí que entra o papel do fisioterapeuta.
Avaliando a sensibilidade dos membros, é possível educar a pessoa que está com a patologia e os familiares dela, evitando, assim, consequências graves.
Como aplicar o monofilamento corretamente?
O primeiro passo para aplicar os monofilamentos corretamente é entender o que cada cor significa. Para ajudar você, separamos as principais interpretações que o fisioterapeuta deve ter quando o paciente sentir a partir de determinado fio.
Lembre-se de aplicar os monofilamentos na sequência abaixo (começando do mais fino). Nesse momento, dê três toques seguidos na pele quando estiver utilizando os dois primeiros filamentos (verde e azul). A partir dos outros, teste somente com um toque. Veja:
- filamento verde (0,07 g): se o paciente responder desde o primeiro fio, sua sensibilidade é considerada normal;
- filamento azul (0,02 g): sensibilidade diminuída na mão. Para o pé, no entanto, o quadro ainda está dentro do normal;
- filamento violeta (2,0 g): sensibilidade diminuída (dificuldade em sentir formas e temperaturas), porém ainda não há risco de lesões;
- filamento vermelho (4,0 g): se o paciente responder a partir desse fio, é provável que ele não consiga identificar o que é quente e frio. Nesse estágio, ele já está vulnerável às lesões;
- filamento laranja (10,0 g): perda de sensibilidade nos pés e nas mãos, mas ainda podendo sentir pressão profunda e dor em algumas regiões;
- filamento magenta (300 g): permanece a sensibilidade à dor;
- nenhuma resposta: se o paciente não responder a nenhum filamento, quer dizer que ele perdeu a sensibilidade à pressão e, muito provavelmente, à dor.
Se após aplicar um filamento você estiver com dúvidas sobre a resposta do paciente, o recomendado é repetir o teste.
Quais são os cuidados necessários no momento da aplicação?
Para que o resultado do teste seja o mais preciso possível, é necessário que o fisioterapeuta tome alguns cuidados. O primeiro deles se refere ao ambiente da aplicação. Escolha um local silencioso, calmo e que o paciente consiga relaxar.
A visão do indivíduo que se submeterá ao teste também deve ser obstruída — utilizar uma venda é uma alternativa simples e bastante eficaz. Além disso, é importante acomodar os pés e as mãos da pessoa em uma toalha ou massa de modelar.
Feito isso, siga as orientações a seguir:
- explique ao paciente como funcionará o teste. Diga que ele precisa avisar sempre que sentir um toque sobre a pele;
- a avaliação deve iniciar sempre pelo membro saudável (ou seja, o que ainda tem sensibilidade) e, depois, passar para o afetado;
- ao iniciar o teste, aplique o monofilamento perpendicular à superfície da pele (a força deve ser suficiente para encurvar o fio);
- entre um filamento e outro, faça um pequeno intervalo para que o paciente não fique predisposto a confirmar que sentiu, mesmo que isso não seja verdade.
Como pudemos ver, o estesiômetro é um instrumento extremamente útil para avaliar o grau de sensibilidade de determinado paciente e, assim, ajudar no diagnóstico e tratamento adequado. Se você vai utilizar o aparelho em sua clínica, lembre-se de escolher fornecedores de confiança, que ofereçam garantias e tenham boa reputação.
Agora que você já conhece os possíveis usos do estesiômetro, entenda por que é necessário renovar os equipamentos do seu consultório!