A palavra ortostatismo quer dizer ficar na posição vertical, ou seja, em pé. Mas isso não quer dizer, necessariamente, que a pessoa em ortostatismo deverá ficar sobre seus pés. No caso da mesa ortostática, isso acontece por meio de um processo passivo, no qual a pessoa não consegue se manter em pé e necessita de equipamentos ou assistência para sustentar o corpo na posição vertical.
Também chamada de prancha, a mesa ortostática é uma maca adaptada com amarras, que são utilizadas para segurar o corpo do paciente durante sua mudança de horizontal para vertical, fornecendo apoio mecânico.
Por meio de uma manivela, manual ou elétrica, a prancha vai gradativamente elevando seu grau de inclinação, podendo levar várias sessões até atingir a posição de ortostatismo.
Você sabe quais são as indicações e os benefícios em utilizar a mesa ortostática durante o tratamento fisioterápico do paciente? Então, continue acompanhando este artigo, vamos falar melhor sobre tudo isso a seguir!
Quais são as principais indicações da mesa ortostática?
A utilização da mesa ortostática é indicada na recuperação motora de pacientes, estimulando a posição vertical mediante situações em que eles não são capazes de manter essa postura sozinhos. O tratamento fisioterápico com essa ferramenta é utilizado nas seguintes condições clínicas:
- quadros neurológicos como tetraplegias, diplegias, hemiplegias, acidente vascular encefálico (AVC) e traumatismo crânio encefálico (TCE);
- pacientes com ventilação mecânica;
- doenças pulmonares restritivas e/ou obstrutivas, como a asma;
- reabilitação de cirurgias ortopédicas e vasculares;
- pós-operatórios de cirurgias grandes, como as abdominais, torácicas e neurológicas;
- qualquer patologia que mantém o paciente sobre os efeitos do imobilismo, como a atrofia e a pneumonia por broncoaspiração.
Sobre esse último tópico, é preciso ressaltar que imobilismo quer dizer ficar restrito ao leito. Ou seja, qualquer situação em que paciente está acamado, seja provisoriamente, por alguma condição tratável, ou definitivamente, quando não há prognóstico de melhora para a condição que o impede de se locomover.
Para o organismo, a mudança de posição é importante, por isso a mesa ortostática é tão importante em casos de imobilismo. Como ela altera a posição do paciente — de horizontal para vertical —, ajuda tanto no controle de funções biológicas, como a pressão arterial e o padrão respiratório, quanto evitando lesões causadas pela constrição que o peso do corpo exerce sobre as superfícies que está em contato, as chamadas úlceras ou escaras de pressão.
Além disso, a função muscular necessita de constante movimento para se manter preservada. Ao serem privados do movimento, os músculos sofrem um processo de atrofia, ou seja, vão reduzindo o número e o tamanho das células musculares, diminuindo cada vez mais a força muscular e a capacidade da pessoa em se locomover e realizar suas atividades.
Quais funções são beneficiadas pelo tratamento com a mesa ortostática?
Como visto, a utilização da prancha proporciona diversas vantagens fisiológicas importantes, pois estimula o aumento do volume dos pulmões, melhora a expansibilidade do tórax e a elasticidade pulmonar, aumenta a higiene brônquica, facilitando a depuração de secreções nas vias respiratórias, melhora a relação ventilação-perfusão, com benefícios hemodinâmicos e cardiorrespiratórios.
Além disso, promove a melhora percepção do nível de consciência do paciente, a mudança da carga do peso e o maior controle autonômico, com ganho de força, prevenção de atrofia muscular, úlceras de pressão e também facilitação do desmame ventilatório.
A seguir, entenda melhor como essas funções são beneficiadas pelo tratamento:
Função respiratória
O posicionamento vertical do paciente na mesa ortostática proporciona aumentos significativos no volume corrente e na frequência respiratória, além de melhorar o processo de trocas gasosas, aumentando a quantidade de oxigênio inspirado e de dióxido de carbono eliminado.
O resultado é uma melhor perfusão dos tecidos, acelerando o processo de cicatrização de lesões, e a prevenção de distúrbios metabólicos, como a acidose respiratória.
Função neurológica
Estudos atuais já mostraram que adotar a posição ortostática é uma forma de melhorar a percepção do nível de consciência do paciente — resultados vistos de forma prática por meio da Escala de Coma de Glasgow (ou Glasgow Coma Scale — GCS).
Os pacientes mobilizados na prancha tiveram aumento da pontuação na GCS, que varia de 3 a 15, sendo 15 o paciente com melhor percepção de consciência e 3 aquele em disfunção neurológica grave (coma).
Função osteomuscular e tegumentar
A realização de fisioterapia mecânica nos pacientes acamados, ou seja, colocá-los em ortostatismo, melhora a função muscular, aumentando o tônus e proporcionando menores perdas de miócitos (as células dos músculos).
E os benefícios musculares não são vistos somente nos membros, mas também nos músculos que realizam a função respiratória, sendo mais fácil o desmame ventilatório dos pacientes colocados em posição vertical.
Ainda podemos reforçar a prevenção da formação de lesões de pressão (escaras ou úlceras). Durante a mobilização do paciente, a compressão que o corpo exerce em determinados pontos muda, descomprimindo algumas áreas que têm maior propensão a formar escaras, como a região sacral e coxofemural.
Função cardiovascular
A posição ortostática na prancha leva a uma melhora dos volumes pulmonares e dos efeitos hemodinâmicos, como o aumento da pressão arterial média e da frequência cardíaca. O risco de hipotensão ortostática é considerado baixo quando a elevação é feita de maneira gradual e lenta.
Função urinária
Os pacientes que estão restritos ao leito apresentam retenção de urina, o que torna a perda mineral maior. O posicionamento em ortostatismo facilita a drenagem de urina da pelve para a bexiga, diminuindo a retenção e as chances de um quadro de infecção das vias urinárias pela estase e ascensão de microrganismos a bexiga, ureteres e rins.
Como é a seção de fisioterapia com a cama ortostática?
A cinesioterapia, ou seja, o tratamento que utiliza dos movimento como terapia, é uma das principais práticas na área da fisioterapia. Cada seção com a mesa ortostática dura até aproximadamente 45 minutos, não devendo ultrapassar esse tempo para que as amarras e outros componentes da prancha não provoquem úlceras de pressão. As seções poderão ser feitas uma ou mais vezes durante o período de restrição ao leito.
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