Como usar a fisioterapia para tratar lesão de ligamentos?

As rupturas e os estiramentos ligamentares estão entre as lesões mais comuns da área da saúde e podem atingir tanto atletas profissionais de alto nível quanto pessoas comuns que se machucam no dia a dia. Diante dessa realidade, saber como usar a fisioterapia para tratar lesão de ligamentos pode ser fundamental.

Essa é uma área que avançou substancialmente nos últimos anos e vem chamando a atenção por conta da excelente eficiência que os profissionais do ramo vêm atingindo com seus novos protocolos e variedade de aparelhos de grande tecnologia.

Confira o post a seguir e aprenda um pouco mais sobre esse tema.

O que são as lesões ligamentares?

Ligamentos são estruturas bastante resistentes e não muito elásticas, que têm como função primordial unir dois ou mais ossos do corpo, estabilizando e protegendo as articulações, de modo a minimizar deslocamentos bruscos.

Como se não bastasse, participam da propriocepção, que é a capacidade humana de conhecer a posição do seu corpo mesmo sem observá-lo diretamente, pois os ligamentos transmitem informações para a medula e para o cérebro. Eles também auxiliam na fixação de outras estruturas internas, como a bexiga, o útero e o diafragma.

Exatamente em função da sua característica de não ser muito elástico que, eventualmente, um ligamento pode sofrer um estiramento ou, pior ainda, uma ruptura completa. E, dependendo de onde está inserido, o médico pode escolher entre a fisioterapia, a cirurgia ou uma combinação de ambos para a recuperação do paciente.

Qual é o mecanismo de lesão da ruptura ligamentar?

Os mecanismos de lesão das rupturas ligamentares de joelho podem variar. No entanto, a entorse é a causa mais comum, pois ocasiona um movimento anormal dessa articulação. Podemos ver isso em esportes como futebol, basquete e vôlei de praia, mas também em atividades do dia a dia, como um passo em falso.

Quando pensamos em lesões multiligamentares, que afetam concomitantemente o cruzado posterior e até mesmo tendões, as causas mais comuns são acidentes automobilísticos e atividades esportivas de alto impacto, como futebol americano, rúgbi e artes marciais mistas.

Quais são os riscos para a saúde?

Lesões ligamentares não tratadas podem trazer complicações para a saúde, sobretudo a longo prazo. No caso do ligamento cruzado anterior, por exemplo, o indivíduo que não se trata com o fisioterapeuta e não se submete à ligamentoplastia, fica mais propenso a apresentar desgaste articular, condromalácia e artrose.

Outro ponto que não pode ser minimizado é o estilo de vida. Pessoas ativas podem se tornar sedentárias após a lesão, o que facilita o ganho de peso e o desenvolvimento de enfermidades como a síndrome metabólica e diabetes tipo II. Sendo assim, o tratamento adequado é fundamental.

Quais os fatores de risco das lesões ligamentares?

Embora as lesões ligamentares possam ocorrer em qualquer pessoa, existem alguns fatores de risco que contribuem para o surgimento do problema. A prática esportiva é um dos principais, pois eleva as chances de choques e entorses. O futebol, por exemplo, é um dos maiores causadores de ruptura de ligamento cruzado anterior.

Os desequilíbrios musculares também são importantes causadores da lesão de um ligamento, pois essa situação tende a gerar forças muito distintas nessas estruturas. O mesmo vale para quedas, excesso de peso, falta de aquecimento, pouca flexibilidade e uso de calçados inadequados para o esporte.

Como é o diagnóstico das lesões ligamentares?

Como em qualquer lesão, o diagnóstico depende muito da qualidade do examinador. Por isso mesmo, um fisioterapeuta poderá ter pistas importantes ao ouvir o relato do seu mecanismo de lesão e também durante o exame físico, no qual realiza manobras ligamentares e as compara com o lado contralateral.

Quando essa estrutura é rompida, é possível perceber, ao manuseio correto, a presença de alguns sinais como uma frouxidão articular, além de dor intensa e edema, sobretudo no período agudo do quadro. No ligamento cruzado anterior, por exemplo, o principal teste é o de gaveta, no qual a tíbia se anterioriza anormalmente ao fêmur.

Os exames de imagem também são cruciais para fechar o diagnóstico e orientar a conduta a ser escolhida. O principal é a ressonância magnética computadorizada, que é excelente para a visualização de partes moles. Ainda assim é preciso cuidado, pois imagens de qualidade baixa podem trazer um falso positivo.

Como a fisioterapia ajuda a tratar a lesão de ligamentos?

Independentemente da conduta adotada pelo médico e do nível de lesão ligamentar que o paciente apresenta, a fisioterapia surge como um coadjuvante indispensável para um bom prognóstico nesse tipo de quadro e também para que haja uma recuperação plena de todos os movimentos, da amplitude e da musculatura em si.

Na reabilitação, o fisioterapeuta designa algumas metas a serem atingidas durante o processo de pós-lesão ou do pós-operatório de reconstrução ligamentar, se for o caso. Embora muita gente não saiba, a realização de sessões de fisioterapia até mesmo antes da cirurgia é muito importante.

No tratamento conservador, é instituída a fisioterapia logo depois da fase aguda, para recuperar o arco de movimento e o equilíbrio, além da normalização da marcha e do fortalecimento da musculatura. Nesse caso não é possível restaurar integralmente o ligamento, pois ele tem pouca capacidade de cicatrização, mas se pode restaurar a sua função.

Dependendo do ligamento e do nível de atividade do paciente, a conduta pode ser a cirurgia, que reconstrói o trajeto dessa estrutura por meio de um enxerto. Essa é a escolha mais comum para atletas, jovens, pessoas com a vida ativa ou quando há muita instabilidade articular. Antes e depois da operação, a fisioterapia é indispensável.

Protocolo no pós-operatório da reconstrução de LCA

Os protocolos de reabilitação para os pós-operatórios na reconstrução do ligamento cruzado anterior envolvem, em linhas gerais, cinco etapas. E cada uma delas possui um objetivo primordial, que só pode ser alcançado com ótima interação entre o médico, o fisioterapeuta e os pacientes.

Fase 1

A ideia principal é a de proteger o enxerto, uma vez que ele é muito recente e está sendo exposto, por exemplo, à inflamação pós-cirúrgica, que também deve ser controlada. Também há um trabalho para chegar a uma extensão e flexão superior a 90 graus e para obter um padrão de marcha mais próximo do normal.

Fase 2

O objetivo é restaurar totalmente a marcha, chegando a um padrão normal. Também se trabalha para manter a extensão completa e melhorar progressivamente a flexão, ainda controlando o edema e protegendo o enxerto.

Fase 3

Agora a ideia é ter a amplitude total do movimento, ao mesmo tempo em que o profissional deve trabalhar para melhorar algumas valências, como a resistência, a força e a propriocepção, sempre protegendo o enxerto.

Fase 4

Essa etapa tem o foco no fortalecimento muscular, que já visa preparar a perna operada para as atividades funcionais e desportivas no futuro. Também há uma atenção para o controle neuromuscular.

Fase 5

Na última fase é feito o regresso progressivo para as práticas esportivas, e o fisioterapeuta trabalha ainda mais intensamente para manter a força muscular, a resistência e a propriocepção.

Essas fases são uma amostragem básica dos protocolos, que podem variar a números e abordagens praticamente infinitos, de acordo com as opções de cada profissional, expectativas do paciente e características das atividades com as quais ele está envolvido.

Como vimos, a lesão de ligamentos é um evento bastante comum no mundo da medicina, mas seus efeitos nocivos podem ser minimizados ou completamente evitados pelo uso adequado da fisioterapia e suas técnicas no tratamento.

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