Ondas curtas na fisioterapia: quando e como devemos usar?

Um dos tratamentos utilizado por muitos profissionais da fisioterapia é a diatermia. O termo deriva das expressões gregas “dia” e “therma”, que significam “aquecimento através de”, e a terapia utiliza ondas não ionizantes, conhecidas como ondas curtas.

O primeiro relato do uso de ondas curtas ocorreu em 1890, na França, pelo médico e físico Jacques-Arsène d’Arsonval, que, utilizando uma corrente elétrica de alta frequência de 1 A no seu próprio corpo, percebeu uma sensação de calor nos tecidos. Graças a isso, ele desenvolveu trabalhos sobre a aplicação de correntes de alta frequência ao corpo, conhecido como diatermia.

Você sabe o que são as ondas curtas e como funciona o aparelho de diatermia? Sabe quais são os benefícios, os riscos e a aplicação das ondas curtas na fisioterapia? Então, continue acompanhando nosso artigo, vamos falar melhor sobre tudo isso a seguir!

O que são as ondas curtas?

As ondas curtas referem-se à radiação eletromagnética na faixa de frequência de 2 a 100 MHz. Portanto, a terapia de ondas curtas é a aplicação de energia eletromagnética ao corpo em frequências de ondas curtas.

Nessas frequências, a energia eletromagnética é convertida em energia térmica (calor) pela indução de correntes que se formam e circulam pelos tecidos do organismo.

As unidades de terapia de ondas curtas podem produzir níveis de potência de saída de até 500 W, proporcionando um aquecimento significativo na área do corpo a ser tratada. Por essa razão, o tratamento é frequentemente chamado de diatermia de ondas curtas, ou seja, tratamento por meio do aquecimento.

Como o aparelho de diatermia de ondas curtas funciona?

A máquina de diatermia não aplica calor diretamente ao corpo. Em vez disso, as ondas geradas pela máquina permitem que o corpo gere calor dentro do tecido alvo.

As máquinas de diatermia de onda curta usam duas placas de condensador, que são colocadas em ambos os lados da região do corpo a ser tratada. Outro modo de aplicação é por bobinas de indução, que são flexíveis e podem ser moldadas para se adequarem à parte sob tratamento.

À medida que as ondas de alta frequência viajam pelos tecidos do corpo (entre os condensadores ou entre as bobinas), elas são convertidas em calor. O grau de calor e a profundidade de penetração dependem, em parte, das propriedades de absorção e de resistência dos tecidos que as ondas enfrentam, podendo atingir até 2″ de profundidade.

Quais são os efeitos das ondas curtas sobre os tecidos?

O principal efeito é a dilatação dos vasos sanguíneos, conhecido como vasodilatação. Quando um corpo está sob ação do calor, as moléculas que o compõe começam a vibrar, de uma forma que surge um afastamento entre elas, levando o corpo a se expandir.

A vasodilatação a princípio ocorre nas arteríolas, que são artérias menores e capilares, mas em caso de duração prolongada das ondas curtas, o calor também chega a atingir os vasos linfáticos e as veias.

A terapia por ondas curtas eleva a circulação do sangue da área em que está sendo aplicada e ajuda a eliminar a linfa, o que diminui o edema local (inchaço).

Outros efeitos das ondas curtas no organismo

Efeitos fisiológicos no metabolismo

As ondas curtas provocam um aumento do metabolismo, pois o gasto energético é acelerado, principalmente o consumo de glicose, de alguns nutrientes e de oxigênio. Com isso, a eliminação de produtos metabólicos do organismo é maior.

Efeitos fisiológicos sobre o sistema nervoso

A terapia age no sistema nervoso central por meio do aumento do fluxo sanguíneo, especialmente na glândula hipófise e no hipotálamo, parte do cérebro que controla a temperatura corporal.

Atua também sobre o sistema nervoso periférico, no qual as fibras nervosas aumentam a velocidade e a condução do impulso nervoso em consequência do calor. Esse processo é uma das formas de alívio da dor por meio do aumento da circulação nas fibras nervosas.

Efeitos fisiológicos no tecido muscular

As ondas curtas têm um efeito bastante positivo sobre o tecido muscular, provocando um relaxamento da musculatura, facilitando a transmissão nervosa e por meio da vasodilatação, que promove a captação das toxinas produzidas durante o esforço muscular.

Diminuição da Dor

A utilização de ondas curtas para a inibição da dor tem bons resultados, agindo diretamente nas terminações nervosas sensitivas e nos tecidos lesionados, estimulando a reparação celular.

Quais são as indicações das ondas curtas na fisioterapia?

Como visto, tratar lesões com calor pode aumentar o fluxo sanguíneo e tornar o tecido conjuntivo mais flexível. Também pode ajudar a minimizar a inflamação e reduzir a incidência de edema ou de retenção de líquidos.

Ao aumentar o fluxo sanguíneo para o local de uma lesão, o calor profundo gerado com diatermia pode acelerar a cicatrização.

A diatermia de ondas curtas é usada para tratar as seguintes condições:

  • artrite;
  • dor nas costas;
  • fibromialgia;
  • espasmos musculares;
  • miosite;
  • neuralgia;
  • entorses e distensões;
  • tenossinovite;
  • tendinite;
  • bursite.

Quais são os riscos da diatermia por ondas curtas?

A energia eletromagnética utilizada nas ondas curtas e na diatermia pode causar calor extremo nos tecidos quando feita de forma equivocada, especialmente em dispositivos metálicos, tais como pinos e placas de cirurgias ortopédicas e dentárias.

Com isso, pode acontecer queimaduras no tecido perto do implante. Portanto, é recomendado que a terapia com ondas curtas não seja realizada sobre essas áreas para evitar o risco de queimadura.

Além disso, é importante lembrar que antes de uma sessão de diatermia, o paciente deve remover:

  • todas as joias, bijuterias e acessórios contendo metal;
  • vestuário que inclui artigos de metal, como zíperes ou botões.

Como você pôde ver, após um tratamento com diatermia de ondas curtas vários benefícios são notados. A área afetada estará mais flexível e menos dolorosa. Ademais, o aumento do fluxo sanguíneo para a região pode induzir a cicatrização e o reparo tecidual, melhorando doenças inflamatórias e lesões teciduais.

Esperamos que, ao final deste artigo, você tenha compreendido melhor a aplicação das ondas curtas na fisioterapia, como elas podem ser utilizadas para tratar e quais são os benefícios do procedimento sobre o organismo do paciente.

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