Afinal, o que é hidroterapia e quais são seus benefícios?

O poder curativo da água já é conhecido e estudado desde os gregos antigos, por volta de 500 a.C. No Brasil, os primeiros usos da água para reabilitação de pacientes aconteceu em 1922, na Santa Casa do Rio de Janeiro. De lá para cá, é claro, muita coisa mudou graças aos avanços dos estudos que passaram a unir fisioterapia e o uso da água quente ou fria.

A essa técnica deu-se o nome de hidroterapia — e ela vem ajudando na reabilitação de diversos pacientes há muitos anos, sendo uma das principais escolhas para pessoas que sofreram lesões ortopédicas ou apresentam problemas neurológicos e reumatológicos.

Quer saber mais sobre a hidroterapia? Continue a leitura!

O que é hidroterapia e como ela atua na fisioterapia?

A palavra hidroterapia vem do grego e é formada a partir da junção de duas palavras: “hydor” (que significa água) e “therapia” (que significa cura). Hoje, ela também pode ser conhecida como: fisioterapia aquática, piscina terapêutica, terapia física aquática, aquaterapia, etc.

Embora, como dissemos na introdução, desde os tempos dos gregos antigos várias técnicas novas tenham surgido, a ideia central da hidroterapia permanece a mesma: curar, reabilitar ou trazer mais qualidade de vida para pessoas que sofrem com lesões ou disfunções ortopédicas, vasculares, respiratórias, neurológicas, reumatológicas e até mesmo antes ou depois de determinadas cirurgias.

A hidroterapia é considerada uma das possibilidades de reabilitação dentro da fisioterapia e a sua prática apenas deverá ser feita com a presença de um fisioterapeuta, em pequenos grupos ou de forma individual.

Geralmente, a técnica é realizada dentro de uma piscina aquecida (chamada de piscina terapêutica), com temperaturas que variam entre 32 e 34º C. Esses espaços são projetados para receberem todos os tipos de pacientes, inclusive cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção. As sessões podem durar em torno de 50 minutos a 1 hora.

A principal vantagem do uso da água é que ela atua de diversas maneiras sobre o corpo do paciente, favorecendo a redução do peso corporal e permitindo maior liberdade de movimento, possibilitando que o fisioterapeuta trabalhe grandes grupos musculares com direções e amplitudes variadas.

Algumas das propriedades da água que ajudam nesse sentido são:

  • densidade relativa: que permite os pacientes flutuarem, reproduzindo movimentos e posturas que não seriam possíveis no solo pelas limitações físicas apresentadas;
  • pressão hidrostática: é a pressão que a água realiza nas pessoas imersas nela, trazendo analgesia e redução de edemas;
  • viscosidade: é a força de atrito que causa resistência, favorecendo o ganho de força muscular;
  • força de empuxo: a força que atua em sentido contrário à gravidade, ajudando no fortalecimento muscular e na circulação periférica.

O uso do turbilhão na hidroterapia

Além da piscina, outra possibilidade é o uso do turbilhão para a hidroterapia, um aparelho que pode ser acoplado em um tanque, em uma banheira ou na piscina em que se realiza a técnica, fazendo uma movimentação na água (chamada turbilhonamento), algo que se assemelha ao que sentimos dentro de uma banheira de hidromassagem.

Com o turbilhão, o fisioterapeuta consegue regular a temperatura (que pode variar entre 32 ºC a 40 ºC, ou abaixo de 25 ºC, dependendo do tratamento) e também a pressão da água.

A principal vantagem é que ele oferece mais mobilidade ao paciente, permitindo a movimentação do membro tratado e amplia as possibilidades de tratamento em uma clínica, sem a necessidade do uso de uma piscina específica. Além disso, a pressão do jato realiza uma massagem na área tratada, melhorando a analgesia.

O turbilhão está indicado em casos de luxações, entorses, atrites, rigidez, mialgias, hérnias, derrames etc.

Quais são os benefícios da hidroterapia?

Relaxamento

Se o paciente tem uma boa intimidade com a água e se sente confortável nela, poderá aproveitar ainda mais desse benefício. A principal responsável pelo relaxamento é a água aquecida, que atua relaxando as fibras musculares, reduzindo a tensão muscular.

A água ainda age na redução das forças compressivas, graças à ação do empuxo, minimizando a ação do sistema tônico postural, fazendo com que os músculos respondam rapidamente e acabem tendo um relaxamento maior.

Aumento da força muscular

O processo se dá pela resistência da água, com a ação das propriedades viscosidade, empuxo e pressão hidrostática (que explicamos no tópico anterior). Como a água permite maior resistência que o ar, as articulações ficam mais livres, favorecendo diversos tipos de movimentos.

Na água os movimentos são mais uniformes e é mais fácil para o paciente manter uma velocidade constante, por isso a eficácia da contração muscular é maior. Porém, o fisioterapeuta deverá estar atento, principalmente às queixas que podem acontecer após os exercícios na água, como dores e cãibras.

Aumento da amplitude

A água tem propriedades termodinâmicas e hidrodinâmicas que ajudam no ganho de amplitude articular. Quando entramos na piscina, naturalmente sentimos uma redução na força compressiva articular, o que reduz a dor e permite que mais movimentos sejam realizados.

Além disso, o efeito termodinâmico ainda traz outros benefícios, como maior aporte de sangue circulante e melhora na produção de líquido sinovial, tornando mais fácil para as articulações realizarem determinados movimentos.

Mais equilíbrio, consciência corporal e estabilidade

A água é um ambiente excelente para promover a reeducação dos músculos, oferecendo ao paciente mais equilíbrio, permitindo o trabalho de propriocepção. Ademais, ao estar imerso na água, o paciente tem a sensação de que seu corpo está mais leve, aumentando a estabilidade e a consciência corporal.

Melhora na circulação

Depois de entrar na água aquecida, a pele do paciente começa a absorver o calor. Esse aumento na temperatura produz o efeito de vasodilatação, que aumenta o aporte de sangue circulante na periferia do corpo, melhorando também o aporte sanguíneo para a musculatura. Esse processo auxilia na cicatrização e tem benefícios para muitos tipos de pacientes.

Mais liberdade de movimento

Quando está na água, o paciente se sente mais livre e seguro para realizar diversos tipos de movimentos, já que estão reduzidos os riscos de queda. Como resultado, a hidroterapia consegue ir mais longe do que a fisioterapia em solo. Além disso, quando realizada em grupo, também estão presentes os benefícios da socialização e da motivação entre os pacientes.

Para quem a hidroterapia é indicada e contraindicada?

A hidroterapia tem várias indicações, como para os pacientes que apresentam:

  • hérnia discal;
  • importantes contraturas;
  • encefalopatia crônica;
  • traumatismo cranioencefálico;
  • síndromes dolorosas e dores crônicas, como a artrite;
  • cardiopatias (desde que liberados para atividades físicas);
  • síndromes congênitas;
  • lesão medular;
  • doença de Parkinson.

Apesar de todos os seus benefícios, a hidroterapia também tem contraindicações, como nos casos de:

  • lesões ou problemas dermatológicos;
  • cardiopatias graves;
  • incontinência urinária ou fecal;
  • capacidade vital reduzida;
  • febre alta;
  • doenças sistêmicas;
  • hipo e hipertensão descontroladas;
  • traqueostomia;
  • perfuração do tímpano;
  • atividade convulsiva não controlada.

Como você pôde notar, a hidroterapia pode ser usada com sucesso no tratamento e na melhora da qualidade de vida de inúmeros pacientes, com técnicas variadas, dependendo do objetivo do tratamento.

E aí, gostou de saber o que é hidroterapia? Já pensa em oferecer esse tipo de técnica no seu consultório de fisioterapia? Aproveite e siga as nossas redes sociais (FacebookInstagramYouTube) para continuar recebendo dicas e informações valiosas!