O pé é a base de todo o alinhamento e sustentação do corpo, a partir do centro gravitacional de equilíbrio e de estabilidade de cada pessoa. Ao longo do desenvolvimento, os pés sofrem alterações que visam regular e coordenar a postura estática e dinâmica para alcançar o melhor equilíbrio.
Por isso, alterações nos pés ou na forma de pisar podem prejudicar nosso equilíbrio e nossa postura, além de causar dores.
Nesse contexto, surgiu há algum tempo o conceito da podoposturologia, área do conhecimento que estuda a relação entre postura corporal das pessoas e os seus pés. O fisioterapeuta é um dos principais profissionais que atua nessa área, e um dos seus objetivos é o de prescrever corretamente o uso de palmilhas ortopédicas para a correção da postura.
Neste texto, falaremos mais sobre as palmilhas ortopédicas para que você saiba quando e como recomendá-las aos seus pacientes. Acompanhe!
O que são as palmilhas ortopédicas?
Todo sapato tem uma palmilha comum, que tem apenas fins de conforto e estético. As palmilhas ortopédicas são diferentes, constituídas por materiais especiais para serem colocadas no lugar das palmilhas comuns. Seu uso tem a finalidade de auxiliar na correção postural, pois ajuda a distribuir o pé corretamente durante a fase de apoio.
Também conhecidas como órteses plantares, as palmilhas devem ser confeccionadas de acordo com o tamanho do pé e o peso da pessoa que vai usá-las. Além de ajudar nas alterações posturais, as palmilhas auxiliam ainda na redução da dor local e no tratamento de doenças do aparelho locomotor envolvendo joelho, tornozelo, pernas e pés.
As palmilhas são construídas de acordo com o problema que será tratado, e são formadas por várias peças chamadas de elementos, que têm diferentes espessuras. Os elementos são fixados na palmilha de forma que as espessuras ajudem a definir as partes do pé que serão apoiadas primeiro.
Outra variação possível é de densidade do material utilizado, que pode ser mais rígido ou mais maleável.
Quais são as indicações de uso?
Normalmente, o peso do corpo é distribuído e apoiado pelas áreas do pé que podem suportá-lo, sem maiores problemas. Quando há alteração da distribuição desse peso, outras estruturas passam a também suportá-lo, como ossos e articulações do quadril e do joelho. Essa sobrecarga pode causar inflamação e dor local.
Como caminhamos ao longo de todo o dia, essas alterações são capaz de se desenvolverem rapidamente, aumentando a dor e o desconforto da pessoa. A própria dor na coluna pode ser agravada ou até mesmo causada por um suporte plantar inadequado.
Um correto apoio do pé organiza a distribuição do suporte do peso e alinha o equilíbrio da pessoa. Dessa forma, as palmilhas ortopédicas podem ser recomendadas para pessoas que sentem dores associadas a problemas ou lesões no pé, alterações posturais ou problemas nas articulações ou ossos dos joelhos, quadris e na coluna.
As indicações de uso incluem:
- fascite plantar;
- esporão de calcanhar;
- pé chato;
- pé cavo;
- diferença no tamanho dos membros inferiores (uma perna mais curta do que a outra);
- metatarsalgia;
- pé torto congênito;
- hálux valgo;
- tendinite do tendão de aquiles;
- artrite reumatoide;
- neuroma de Morton;
- calos e calosidades nos pés.
Os atletas profissionais e amadores também têm a indicação de uso, pois seus pés trabalham mais ao longo do dia e as palmilhas são uma forma de prevenção de possíveis alterações ou lesões.
As palmilhas ortopédicas podem ser também recomendadas para pessoas que têm problemas na circulação e no retorno venoso dos membros inferiores, pois a pressão plantar uniforme gerada pelas palmilhas ajuda no bombeamento de sangue.
Como elas são usadas?
As palmilhas ortopédicas ficam posicionadas entre o pé e o calçado, ajudando na redução do pico de pressão e na distribuição da força de reação do solo por toda a superfície do pé. Seus efeitos acontecem tanto numa corrida quanto em uma caminhada ou durante a realização de algum exercício físico.
Esses itens normalmente não têm indicação de serem usadas para sempre, e sim enquanto o problema inicial que levou ao seu uso persistir. Em alguns casos mais sérios, o uso pode ser indicado ao longo de todo o dia, por várias semanas. Em outros, ela será utilizada apenas durante a corrida, exercício físico ou alguma atividade que exija mais esforço ou impacto.
As palmilhas cabem em vários tipos de sapatos, mas não em todos. Antes de recomendar o uso, é preciso consultar com o paciente quais são os tipos de calçados que ele costuma usar. Se a pessoa não utilizar sapatos fechados, por exemplo, é possível mandar confeccionar uma sandália especial.
É importante lembrar que a palmilha ortopédica é uma forma complementar de tratamento e sozinha pode não ter o efeito desejado. O acompanhamento e o tratamento fisioterapêutico devem ser continuados para que os resultados esperados sejam alcançados, e também para verificar a eficácia do uso das palmilhas
Quais são as vantagens de recomendá-las?
Uma palmilha ortopédica bem confeccionada deve ter três funções principais:
- função corretiva, com o objetivo de proporcionar uma distribuição correta do peso pela superfície do pé;
- função analgésica, pois tem o potencial de reduzir a dor quando o problema plantar leva a alterações músculo-esqueléticas dos membros inferiores ou da coluna;
- função biodinâmica, pois equilibra a transferência do peso sobre as linhas fisiológicas da pessoa que a utiliza.
As palmilhas convencionais não acompanham a anatomia do pé, podendo deixá-lo mais chatos e prejudicar o andar natural. Já as palmilhas ortopédicas buscam se adequar a essa anatomia e contribuir para uma postura e andar corretos.
As palmilhas ortopédicas ainda ajudam a manter a saúde das articulações, pois uma correta distribuição de peso plantar leva também à distribuição do impacto, com redução de sobrecarga em joelho e outras articulações.
A recomendação de palmilhas ortopédicas pode ser um bom caminho para pacientes que apresentam problemas nos pés, posturais ou de articulações. Com a avaliação e a indicação correta, têm o potencial de auxiliar na correção dessas alterações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
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