O que é e como tratar incontinência urinária com fisioterapia?

A incontinência é um problema de saúde caracterizado pela perda do controle sobre a liberação de urina ou fezes. Nesse contexto, podemos destacar a incontinência urinária como um dos principais distúrbios que acometem os idosos: um em cada três apresentam dificuldades de controle da bexiga.

O problema leva a uma diminuição considerável da qualidade de vida da pessoa, por isso, buscar o tratamento bem cedo é um dos fatores mais importantes para aumentar as chances de melhora.

Neste texto, falaremos mais sobre o tema e como tratar incontinência urinária utilizando a fisioterapia. Acompanhe!

O que é incontinência urinária?

A incontinência urinária diz respeito à perda involuntária de urina pela uretra. O problema afeta pessoas de ambos os sexos e de todas as idades, porém é mais comum em mulheres. Sua incidência aumenta com o avançar da idade.

As mulheres apresentam o triplo de chances de desenvolver a incontinência. Isso se dá principalmente pelo desgaste muscular do assoalho pélvico durante a gestação e o parto e pela redução do hormônio estrogênio após a menopausa.

Em condições normais, a urina é produzida pelos rins e armazenada na bexiga, onde fica retida por meio da contração do esfíncter uretral. O relaxamento consciente e voluntário do esfíncter é o que promove a liberação.

Esse é um processo complexo e que pode ser atingido em qualquer etapa, causando a incontinência. Ela traz sérios problemas para a qualidade de vida da pessoa, podendo levar à marginalização do convívio social e também a grandes frustrações psicossociais.

Quais são os tipos de incontinência urinária?

Existem diferentes tipos de incontinência urinária. Conheça-os:

Incontinência por esforço

A incontinência urinária por esforço é aquela na qual a pessoa apresenta a perda de urina em consequência de algum esforço físico qualquer, incluindo os mais simples, como:

  • rir;
  • tossir;
  • levantar peso;
  • realizar atividades físicas;
  • correr.

O escape de urina normalmente acontece em pequenos jatos e é causado pelo aumento da pressão abdominal que ocorre com o esforço. Esse tipo de incontinência é o mais comum, e ocorre devido à fraqueza da musculatura do assoalho pélvico, grupo muscular que sustenta os órgãos da cavidade pélvica — bexiga, útero, ovários, reto, canal vaginal.

Essa musculatura, quando está fraca, não sustenta a uretra quando os órgãos são empurrados para baixo pelo aumento da pressão abdominal, de forma que ela se “abre”, permitindo o escape de urina.

Quando o esforço acaba, os órgãos da cavidade pélvica voltam à posição normal, assim como a uretra, e a continência volta ao normal.

Os músculos do assoalho pélvico podem se enfraquecer em decorrência de:

  • gestação;
  • trabalho de parto normal ou cesáreo;
  • diminuição das taxas de estrogênio e testosterona.

Incontinência de urgência

A incontinência de urgência é aquela na qual a perda de urina ocorre em momentos de forte vontade de urinar, que surge de forma forte e repentina, acompanhada de fortes espasmos ou contrações na bexiga. Assim, muitas vezes a pessoa não consegue chegar ao banheiro a tempo e perde urina no caminho.

Normalmente, conseguimos segurar a urina após o desejo miccional por algum tempo, sem grandes problemas. Esse controle está relacionado ao relaxamento do músculo detrusor da bexiga, que envia uma mensagem para o cérebro “avisando” quando a urina ocupa cerca de metade do espaço disponível no órgão.

Em grande parte dos casos de incontinência de urgência, o problema é a síndrome da bexiga hiperativa, que manda uma mensagem distorcida, avisando que está muito cheia, o que não é realidade. O cérebro, por sua vez, reponde causando a contração do músculo detrusor, que causa a urgência urinária.

Entretanto, sabe-se que é possível controlar essa vontade súbita com a contração voluntária dos músculos do assoalho pélvico, que inibem as contrações do detrusor.

Incontinência por transbordamento

A incontinência por transbordamento é aquela na qual a bexiga não é esvaziada por longos períodos, de forma que enche a ponto de a urina “transbordar”. O acúmulo é tão grande que o esfíncter uretral não consegue retê-la, ocorrendo o espape, que nesses casos costuma ser intenso.

Esse tipo de incontinência acontece quando há diminuição da sensibilidade ou da contratilidade vesical, ou quando há uma obstrução crônica da uretra, como aquela que acontece pelo aumento da próstata, e é uma das mais comuns.

A diminuição da força de contração do detrusor pode ocorrer em homens e mulheres, sendo mais comum em pessoas com diabetes, uso crônico de álcool e outros problemas que levam à diminuição da função neuronal.

Os outros tipos de incontinência urinária que existem são:

  • mista: quando há a combinação de mais de um tipo de incontinência;
  • total: quando há perda contínua de urina, pois o esfíncter uretral não se fecha.

Como tratar a incontinência urinária com fisioterapia?

A fisioterapia é um dos principais tratamentos para a incontinência de diversos tipos e pode ser recomendada após algum procedimento cirúrgico (prostatectomia, cirurgias ginecológicas etc.).

O tratamento utiliza a fisioterapia pélvica e outras técnicas fisioterapêuticas que têm o potencial de minimizar os sintomas e restabelecer a força dos músculos do assoalho pélvico. As principais técnicas utilizadas para o tratamento da incontinência urinária incluem:

Exercícios de Kegel

O paciente identifica, junto ao fisioterapeuta, os músculos do assoalho pélvico e aprende a exercitá-los e fortalecê-los com exercícios específicos, de acordo com o tipo de incontinência.

Cones vaginais

Exercícios com cones que são introduzidos no canal vaginal para fortalecer ainda mais a musculatura pélvica, após a realização dos exercícios de Kegel. Os pesos dos cones e a intensidade dos exercícios aumentam gradativamente.

Eletroestimulação

Colocação de eletrodos no canal vaginal ou em volta do pênis, que causam a contração dos músculos do assoalho pélvico, levando ao seu fortalecimento, à melhora da função urinária e da coordenação, além da inibição das contrações do músculo detrusor.

Biofeedback eletromiográfico

Essa técnica faz uma leitura e análise em tempo real da atividade elétrica das fibras musculares do assoalho pélvico, por meio de sinais auditivos e visuais emitidos por um aparelho introduzido no canal vaginal. Assim, o paciente é capaz de identificar os músculos a serem trabalhados, aumentando a sua percepção sensorial.

A fisioterapia é um dos tratamentos de incontinência urinária que permite o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, de forma a melhorar o desempenho urinário e aumentar a qualidade de vida do paciente. Ter comprometimento na realização do tratamento e realizar os exercícios prescritos são pontos fundamentais para conseguir eficácia.

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